Thursday, June 19, 2008

Ele existe?

Procuro um novo amor
Que me surpreenda, que me faça flutuar.
Que goste de cantar, que seja alegre, que seja honesto.
Que tenha paciência, que me compreenda, que fique ao meu lado quando eu precisar.
Que dê risada, que fale bobagens e não tenha medo de parecer ridículo.

Um novo amor
Que me traga flores, que me escreva cartas, que cante uma canção.
Que seja carinhoso, que beije minha testa e a palma da minha mão.
Que tenha aspirações, que goste de ler ou assistir televisão.
Que me deixe sair com meus amigos e se dê bem com eles.

Procuro um novo amor
Que queira se arriscar, fazer viagens,
Que tenha os pés no chão e que mantenha os meus no ar.
Que saiba dizer "eu te amo" num simples olhar.
Que tenha um olhar bondoso, mas intenso.

Um novo um amor
Que queira dormir abraçado, que me envolva em seus braços,
Que me faça sentir segura.
Que não se importe em dormir mal, desde que acorde comigo.
Que queira dormir embriagado depois de bebermos vinho de vez em quando.

Procuro um novo amor
Que me aceite como eu sou, moleca e frágil.
Que ria das minhas brincadeiras, que se divirta ao meu lado.
Que queira dançar, mesmo sem saber fazê-lo.
Que me veja como mulher.

Porque eu já sei o que fazer quando esse novo amor chegar: me dedicar e me entregar completamente. E fazer tudo o que puder para fazê-lo feliz.


Momento de histeria: "Procuro um amor que seja bom pra mim/ Vou procurar, eu vou até o fim!" (Barão Vermelho)

A voz dentro de mim

No meio da multidão uma voz grita. Um grito de desespero, um pedido de socorro, uma chamada por atenção. Uma voz que incomoda, que quer se fazer ouvir, que não pára um segundo. É forte, constante, insistente. Que às vezes parece que vai parar, mas retoma o fôlego e volta a se fazer presente.

Ela me persegue o tempo todo. No silêncio da noite, torna-se um sussurro intermitente a soprar em meu ouvido. Não sei o que quer me dizer, não existe palavra compreensível. Apenas um som que emite várias palavras ao mesmo tempo, que me confundem e me atormentam. Seriam conselhos? Reclames? Lamentações. Não sei. Mudam de tom o tempo todo, mas continuo sem entender absolutamente nada.

Quer falar, mas não há coerência. E me persegue, noite e dia. Parece querer me dizer algo, mas não consigo compreender o que é. Nem sei mesmo dizer de quem é essa voz, de onde vem, o que quer. E já não me deixa dormir, trabalhar, ler... não me deixa fazer absolutamente nada. Pois agora o que pretendo é descobri-la. Para fazê-la calar.

Às vezes o grito ecoa, tamanho desespero em querer ser ouvido. O tempo parece parar. Olho ao meu redor e procuro de onde vem essa voz já tão estridente. Inutilmente. Não vejo nada. Ninguém mais parece escutar, apenas eu, enquanto caminho nas ruas. E a cada passo meu, os ecos são mais fortes, mais vibrantes. Eu páro. Não consigo mais caminhar. Meus olhos percorrem toda a minha volta, agora já impacientes. Nada. Mais dois passos. A voz é mais vibrante.

Decido partir para encontrar quem me procura. E só voltarei quando encontrá-lo e fazer calar sua voz.

Momento de histeria: "Conflitos existenciais tomam conta da minha cabeça/ De onde vim e quem sou? Por que estou aqui, pra onde vou? (Cachorro Grande)"