Sunday, February 26, 2006

Será que isso não muda???

"Carnaval, carnaval, carnaval... eu fico triste quando chega o carnaval..."
Esta época festiva do ano deixou de ser uma brincadeira para dar lugar às bebedeiras, oportunidades de fazer sexo sem pudor ou compromisso algum, lucro para os comerciantes e movimentação industrial em razão dos desfiles das escolas de samba... No entanto, algumas culturas, movidas pela fé (seja ela de qual ordem) acreditam que o fato de grande parte da população ter nesta data uma oportunidade para extravazar sentimentos e estresse que ocorrerão no decorrer do ano, uma manifestação... do demônio... Dá pra acreditar nisso??? Enfim, não vou abrir uma discussão sobre religião, até mesmo, porque, embora eu tenha meus pontos de vista sobre este assunto, tentar convencer estas pessoas de que estão enganadas seria perda de tempo... Religião é religião e temos que respeitar a fé alheia, independente de concordarmos com os diferentes pontos de vista ou não...
Um historinha...
Conheci uma pessoa que se tornou muito amiga minha...
Era alguém que não tinha maldade alguma, sempre disposto a ajudar as pessoas, inventivo e correto. Sempre fazia de tudo pra que as coisas acontecessem da maneira certa. Extremamente honesto. Respeitador. Mas, por incrível que pareça, sempre havia algo ou alguém que o desapontava. Não que fizesse as coisas esperando algo em troca, mas seu trabalho nunca era reconhecido... E suas boas intenções sempre eram massacradas pelos seus "superiores", principalmente no trabalho... Até mesmo seus colegas de trabalho resolveram dar apunhaladas em suas costas...
Essa pessoa está se cansando de apanhar... e pode começar a bater!!!! E isso me preocupa...
(história baseada em fatos reais... esta é uma de muitas pessoas que conheço que são, intrinsecamente boas... mas que podem se tornar infelizes em razão da desonestidade e falta de caráter de outros que os cercam...)
Momento de histeria: "É muito fácil odiar e rir das pessoas. É preciso força para ser gentil e amável" (Morissey)

Wednesday, February 22, 2006

Sobre este sistema...

Agora acho que começo a perceber o motivo pelo qual os políticos quase nunca cumprem as promessas feitas... Embora haja vontade para fazê-lo, parece que a falta de atitude torna-se algo tão forte que nos faz parar... Por que estou escrevendo isto?? Simples: disse que tentaria escrever com mais freqüência, no entanto, parece sempre haver uma desculpa que me impeça de fazê-lo... Quanto à impessoalidade nos textos... sinto que não será uma tarefa muito fácil, no entanto, venho tentando não fazer desta página eletrônica um "diário de desabafos de uma pessoa frustrada pela vida"...
Insatisfação - Parte 2
Mas o motivo pelo qual escrevo aqui, na realidade é para deixar registrada a minha insatisfação (sim, mais uma sobre um sistema público) baseada em fatos observados nestas duas últimas semanas de trabalho: a educação brasileira.
Outro dia entrei numa sala de aula e pedi para que os alunos fizessem uma dinâmica simples: comecei a ditar o início de uma frase e eles deveriam completá-la. Feito isso, eles deveriam passar a folha para o colega ao lado, ler o parágrafo e continuar a história. Depois, passar para o colega da frente e assim, sucessivamente. Teoricamente, os textos, após passados para frente, para trás, esquerda, direita, deveriam ter pelo menos quatro parágrafos de uma história. Teoricamente. Assim que peguei as supostas redações, fiquei atônita: além da péssima caligrafia, a grande maioria dos textos estava completamente desconexa e com frases incompletas. Isso sem falar da chacina promovida à ortografia... Um absurdo!!!
Como podemos dizer que um aluno não é analfabeto só pelo simples fato do indivíduo saber assinar o próprio nome? Como dizer que as pessoas estão se alfabetizando se lêem um texto e não compreendem o que está escrito? As escolas estão formando apenas operários e burros de carga? Aliás, qual o papel da escola atualmente? Formar cidadãos críticos e reflexivos, prontos para transformar a sociedade ou educar, alfabetizar e preparar para o mercado de trabalho? Ao que parece, nem um, nem outro. Estamos formando (digo "estamos", afinal, fazemos parte desta sociedade e lidamos com seres humanos) o que, afinal?
E os pais? Qual o papel dos pais na educação das crianças e jovens? Levar os filhos à escola, participar das reuniões, comprar o material escolar e não acompanhar o processo educativo alegando falta de tempo? Que pais são esses, afinal?
O mais irônico nisto tudo é que os filhos de grandes empresários, políticos e criadores das leis que regem o nosso sistema freqüentam os melhores colégios particulares e, ainda mais, nos roubam as vagas das universidades públicas!!! Soa até um tanto... sarcástico. Claro, tudo isso muito bem planejado, afinal, se todos forem pessoas bem informadas, críticas, defensoras de seus ideais, em quem eles mandarão no futuro? Quem fará o "serviço pesado e sujo"???? E resta aos pobres de informação, conhecimento, educação de qualidade e oportunidade ficar alheio à esta situação...
Uma solução? Definitivamente, difícil pensar em uma... Boa vontade não falta em muitos casos, afinal, já conheci muita gente otimista, disposto a mudar o sistema. No entanto, ele acaba por sufocá-los... E estes acabam se adequando ao sistema e fingindo que está tudo bem. Triste? Revoltante? Conformista? Talvez. Mas enquanto as pessoas não se ajudarem e não acharem que tudo o que acontece é "obra divina", muitas coisas que nos acontecem continuarão e continuarão e continuarão... Como um imenso círculo que não pára de girar...
Fica aí o alerta...
P.S: No show de abertura dos Stones, o vocalista da banda Afroreggae foi infeliz ao dizer que "... na nossa cidade (Rio) não existe diferença". Irônico, afinal, havia uma área de cem metros para os Vips bem em frente ao palco... Sem falar da antítese que é a cidade do Rio: de um lado, Copacabana, com seus hotéis e prédios esplêndidos... Do outro, os barracos amontoados nos morros... Ainda bem que o show foi gratuito...
Momento de histeria: "Nossas vidas, nossos sonhos têm o mesmo valor..." (Charlie Brown).