Thursday, April 10, 2008

Lembranças de um tempo bom

A tua figura é assim, tão marcante, tão vibrante, que nos encanta a ponto de emocionar.
Teu sorriso inocente é cativante, tua gargalhada tão solta, natural, que não há como não rir contigo.
Teu rostinho tão puro, tão meigo, arteiro e carinhoso se torna inesquecível. Teus gritos incontidos e lágrimas de manhas convencem qualquer um a agir em teu favor.
Teus olhinhos sempre atentos, teus cachinhos balançando, teus pezinhos batendo contra o chão demonstram toda a tua energia ao brincar. Tua vozinha criando sons iguais aos teus super-heróis favoritos são inesquecíveis.

O tempo irá correr e quando menos percebermos, tu não te lembrarás mais de mim, apenas do meu nome. Mas toda a tua inocência, pureza e alegria estarão para sempre guardadas em meu coração.
Um de nós não crescerá mais. E é esse um que guardará as melhores lembranças das bagunças ao lado do outro.

Momento de histeria: "Como é bom ser criança!"

Wednesday, April 09, 2008

Silêncio...
Não há voz nem verbos, nem letras.
Já não existe razão para palavras.
Ele vem...
E fica...
E afasta...
E cala...

Não há tinta nem perfumes,
Não há vozes nem selos.
E comprime...
E reprime...
E sonha...

Silêncio...
Foi tudo o que restou...




Momento de histeria: "Às vezes o silêncio vale mais do que mil palavras..."

Wednesday, April 02, 2008

Frustração

Passeios não realizados. Viagens que não fiz. Shows que não assisti. A carta que não enviei. O risco que não corri. A culpa que não senti. O arrependimento que não pude viver. Tudo isso me fez assim: alguém frustrado.

Sempre havia uma desculpa: falta de tempo, de dinheiro, de companhia. O que faltou, na verdade, foi CORAGEM. De assumir erros, de viver aventuras, de dizer a verdade, de errar, de assumir riscos.

E me escondi num buraco do qual vivo relutante para sair. A luz do sol cega meus olhos; então recuo. Sinto a frustração crescer cada vez mais dentro de mim. E é tão grande que sinto amargura, tristeza e pena de mim. É humilhante, deprimente, patético sentir isso por si mesmo.

Hoje, sou tão covarde que nem sou capaz de assumir meus medos, minhas culpas, minhas frustrações. Não sou nem mesmo capaz da menor atitude que poderia fazer diferença na minha vida. Ou de outros.
Sou assim, sem vida. Somente a respirar.

Momento de histeria: "Você não sabe o que perdeu! Você não viu o que aconteceu!" (Cachorro Grande)

Tuesday, April 01, 2008

Lembranças da escola...

As lembranças da escola, nos meus tempos de infância, nunca estiveram tão presentes como hoje, que volto para ela, mas do outro lado. O medo, a ansiedade, a curiosidade no primeiro dia de aula estão gravados na minha frágil memória como se fosse ontem.

A professora da primeira série com aquele olhar sério, nos ensinava com dedicação. E pegava no pé daquele que tinha dificuldade, ou deixava de castigo quem bagunçasse. Claro, o bagunceiro era aquele "tagarela", ou quem não fazia lição ou ainda, quem andava muito na sala de aula. Apenas isso. Hoje, o bagunceiro é bem diferente. Muito diferente.

O aluno bom, que tirava boas notas, era comportado e modelo a ser seguido. Todos gostariam de despertar admiração e elogios como ele. Os colegas sempre queriam estar ao seu lado, só para entenderem que aquele bom aluno era seu amigo. Hoje, o "bam-bam-bam" é o que tem coragem (ou desrespeito, como entenderem) de responder o professor por qualquer coisa, que direciona palavras e gestos obscenos a qualquer funcionário da escola, que "dá porrada" nos colegas... Esse é o tal por quem as meninas suspiram.

Hoje, os valores são outros. A escola perdeu a identidade. Antes, era local de ensino e aprendizagem. Aluno que não tirava boas notas era retido, mesmo que por um décimo. Só completaria um ciclo aquele que se dedicasse. Hoje, os alunos terminam o colegial semi-analfabetos. Claro, semi, porque sabem escrever o próprio nome, como o governo bem deseja. Mas interpretar um texto, um problema, uma situação? Bom... as estatísticas das provas do governo respondem por si só.

Ser professor foi motivo de orgulho. Hoje, é motivo de piada. Perdemos o valor. E estamos de mãos atadas. O professor não pode nada. O aluno pode tudo. Até bater naquele que deveria apenas ensiná-lo. Hoje, o professor tem que ser pai, mãe, psicólogo, educador, tudo. Se sobrar um tempo, ele alfabetiza.

Mas tenho esperança que mude. E que ser bom aluno seja comum. Que o professor tenha o merecido valor como há muito não se vê mais. Como ainda é difícil dizer. Mas espero poder plantar uma sementinha do bem nas minhas crianças.

Momento de histeria: "Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância, a exploração e a indiferença são os sócios/ Quem deveria lucrar só é prejudicado" (Gabriel, o Pensador)