Thursday, June 19, 2008

A voz dentro de mim

No meio da multidão uma voz grita. Um grito de desespero, um pedido de socorro, uma chamada por atenção. Uma voz que incomoda, que quer se fazer ouvir, que não pára um segundo. É forte, constante, insistente. Que às vezes parece que vai parar, mas retoma o fôlego e volta a se fazer presente.

Ela me persegue o tempo todo. No silêncio da noite, torna-se um sussurro intermitente a soprar em meu ouvido. Não sei o que quer me dizer, não existe palavra compreensível. Apenas um som que emite várias palavras ao mesmo tempo, que me confundem e me atormentam. Seriam conselhos? Reclames? Lamentações. Não sei. Mudam de tom o tempo todo, mas continuo sem entender absolutamente nada.

Quer falar, mas não há coerência. E me persegue, noite e dia. Parece querer me dizer algo, mas não consigo compreender o que é. Nem sei mesmo dizer de quem é essa voz, de onde vem, o que quer. E já não me deixa dormir, trabalhar, ler... não me deixa fazer absolutamente nada. Pois agora o que pretendo é descobri-la. Para fazê-la calar.

Às vezes o grito ecoa, tamanho desespero em querer ser ouvido. O tempo parece parar. Olho ao meu redor e procuro de onde vem essa voz já tão estridente. Inutilmente. Não vejo nada. Ninguém mais parece escutar, apenas eu, enquanto caminho nas ruas. E a cada passo meu, os ecos são mais fortes, mais vibrantes. Eu páro. Não consigo mais caminhar. Meus olhos percorrem toda a minha volta, agora já impacientes. Nada. Mais dois passos. A voz é mais vibrante.

Decido partir para encontrar quem me procura. E só voltarei quando encontrá-lo e fazer calar sua voz.

Momento de histeria: "Conflitos existenciais tomam conta da minha cabeça/ De onde vim e quem sou? Por que estou aqui, pra onde vou? (Cachorro Grande)"

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